Parque Nacional do Caparaó
Cordenadas Geograficas: 20° 20' S 41° 45' O
Loacalização: Iúna, Ibitirama(onde fica o Pico da Bandeira), Irupi, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço Guaçuí e Muniz Freire; enquanto os município mineiros são: Alto Caparaó, Caparaó, Alto Jequitibá e Espera Feliz.
Tipo: Parque Estadual Nacional
Região: Serra do Caparaó
Altitude maxima: 2.892 metros
O Parque Nacional do Caparaó foi criado em 24 de maio de 1961 pelo decreto federal nº 50.646, assinado então pelo presidente Jânio Quadros. Abriga o terceiro pico mais alto do país, o Pico da Bandeira. É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).O Parque possui 31,8 mil hectares de área.
O parque está localizado na divisa entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais e ocupa parte do território de cinco municípios do lado capixaba e quatro do lado mineiro. Cerca de 80% do parque está no estado do Espírito Santo. Os maiores picos ficam na divisa dos Estados, destacando-se o Pico da Bandeira, com 2.892 metros, o Pico do Cruzeiro, com 2.852 metros, o Pico do Calçado com 2.849 metros e o Pico do Calçado Mirim com 2.818 metros. O Pico do Cristal, com 2.770 metros fica exclusivamente em território mineiro. O parque abriga ainda outros picos, menores em tamanho, mas também de altitudes consideráveis, como o Morro da Cruz do Negro (2.658 metros), o Pico dos Balaios (2.649 metros), o Pico do Tesouro (2.620 metros), o Pico do Tesourinho (2.584 metros), e a Morro da Pedra Menina (2.037 metros) todos em território capixaba.
Este parque é uma das mais representativas áreas de Mata Atlântica em território capixaba, que além de cobrir boa parte da Serra do Caparaó, também é encontrada nas encostas das Serras do Castelo, do Forno Grande e da Pedra Azul. A Serra do Caparaó é uma ramificação da Serra da Mantiqueira, se interligando com as Serras do Brigadeiro e do Pai Inácio em Minas Gerais.
O Clima
Segundo a classificação de Köppen, o clima do Parque Nacional do Caparaó é do tipo Cwb, caracterizando-se por ser clima tropical de altitude, onde o relevo assume importância marcante na determinação das diferenças de temperatura na área. A temperatura média anual varia entre os 19oC e os 22oC, com a máxima absoluta atingindo os 36oC e a mínima absoluta os 4oC negativos nos picos mais altos do Parque (IBAMA, 1995; IEF/ TURMINAS/ IBAMA/ GTZ/ IGA, s/data1).
A pluviosidade média varia dos 1.000 aos 1.500mm anuais, atingindo 1.750mm na porção norte do Parque. As chuvas concentram-se no trimestre de novembro a janeiro, quando ocorrem de 35% a 50% das precipitações anuais. O período do ano que apresenta as menores médias pluviométricas é aquele entre junho e agosto, embora este fator varie em conseqüência do relevo local (IBDF, 1981).
A Fauna
Em seu estado primitivo, a região devia ser quase que totalmente coberta por Florestas Tropicais, apresentando a fauna característica de Mata Atlântica.
Com a ocupação da terra para agricultura e pecuária, quase que a totalidade destas florestas foram destruídas, restando da fauna do Parque se resumindo a pequenos animais relativamente comuns, como o gambá , cuícas várias. Alguns roedores de certa importância como a paca ,o tapeti e o caxinguelê. Além de alguns predadores menos exigentes quanto ao espaço vital como o cachorro-do-mato , irara, guaxinim e pelo menos uma espécie de gato-do-mato.
A avifauna é formada por espécies notáveis e muito comuns em grande parte do Brasil , especialmente o inhambu-chintam que habita as capoeiras, os urubus pretos, vários gaviões, sendo o mais frequente rapineiro é o gavião-carijó. Além de diversas outras aves, como beija-flores, o carrapateiro, o cará-cará , o jacu , o bacurau , o formicidário , o furnarídeo , o tiranídeo , o saci , o tico-tico e a seriema
A Flora
Mata Atlântica: Possui a maior biodiversidade encontrada no país, sendo um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Destacam-se espécies como angicos, quaresmeiras, palmeiras, jequitibás, ipês, bromélias, orquídeas, plantas medicinais, árvores frutíferas e nativas.
Campos de altitude: Nessa região predominam espécies adaptadas às peculiaridades locais tais como, solos pedregosos, frio intenso, geadas e formação de crostas de gelo.
A região onde se abriga o maciço do Caparaó, delimitada entre 19º S, 43º W e o litoral, seguiremos o sistema de classificação empregado pelo IBGE, segundo o qual teríamos nesta região os seguintes tipos de vegetação:
-
Floresta Perenifólia Higrófila Costeira
-
Floresta Subcaducifólia Tropical
-
Vegetação Litorânea
-
Campos de Altitude
Floresta Perenifólia Higrófila Costeira
Sua ocorrência depende de condições de relevo, pluviosidade e umidade. Em geral recobre as planícies costeiras do Espírito Santo e Rio de Janeiro onde são altas a umidade e pluviosidade favorecidas pela influência marítima.
A aparente pujança da floresta, alta e densa, com presença de inúmeros estratos é reflexo de um delicado equilíbrio onde grossa camada de húmus recobre solos arenosos e úmidos. O seu aspecto tipicamente tropical é reforçado pelo grande número de lianas, epítifas (aráceas, bromeliáceas, orquidáceas, polipodiáceas etc.), fetos arborescentes (Dicksonia ssp, Alsophila ssp) e palmeiras. Seus representantes em geral atingem 25 a 30m e a densidade de copas é de grande número redundando em ambiente úmido e sombrio ao sub-bosque. Nas vertentes capixabas da floresta, esta mesma consegue atingir altitudes mais altas acompanhando os grotões mais úmidos das serras do Caparaó e Mantiqueira embora sua pujança decresça com a altitude.
As espécies arbóreas encontradas são do mais alto valor como os ipês, canelas, cedro, sapucaias, jacarandás, jequitibás, pau-brasil, vinhático, óleo vermelho e muitas outras. À medida que se eleva a altitude, predominam a canjerana, adrago e muitas Melastomáceas e Lauráceas. Contudo, tais espécies, outrora abundantes, tornaram-se hoje raras devido à intensa procura de madeira pelo mercado e conseqüente devastação.
Floresta Subcaducifólia Tropical
Ela começa a surgir nas bordas da região serrana escalando a Mantiqueira e as serras dos Órgãos e do Caparaó adentrando-se pelo sudeste de Minas Gerais. Seu comportamento particular é a perda de folhas por muitas das espécies durante a seca aumentando o número de espécies decíduas à medida que se caminha para os cerrados.
Como é uma floresta de cobertura menos densa que a da Floresta Costeira, formação de estratos inferiores é mais fácil apresentando sub-bosque fechado e com grande número de espécies. Em geral as árvores vão até uns 25m seguidos de um estrato inferior que alcança de 12 a 15m.
Dentre as espécies que mais se destacam podemos citar as perobas, o cedro, as canelas, o araribá, o jatobá, embaúbas, e muitas outras leguminosas, melastomatáceas, bignoniáceas, lauráceas, meliáceas, palmáceas etc.. Com o aumento da altitude, a variabilidade em plantas inferiores se torna maior, apresentando grande número de samambaias, inclusive os samambaiuçus ou fetos arborescentes (Dicksonia, Alsophila). São ainda numerosas as hepáticas, musgos, basidiomicetos e líquens.
Vegetação Litorânea
A vegetação Litorânea compreende 4 subtipos, segundo o IBGE, os quais são:
-
Vegetação das Praias
-
Vegetação das Dunas
-
Vegetação das Restingas
-
Vegetação dos Mangues
Campos de Altitude
Os campos ocorrem na região, de forma natural, provocados pela altitude. Em geral, estes surgem nos altos de serra a partir de 900/1000m. No caso da Serra do Caparaó, os campos surgem próximo à altitude de 2000m. Tal tipo de vegetação também é conhecida como Campo Rupestre, denominação devida aos afloramentos rochosos naturais presentes nas grandes altitudes. Em geral, a vegetação é baixa: rasteira e arbustiva, atribuindo-se tal fato à pouca profundidade do solo que logo atinge a rocha maciça. O pouco solo existente, em geral turfoso e negro, impede a formação de lençol freático transformando a área em charcos com a mínima precipitação. Porém, a umidade logo seca com o escoamento elevado, em encostas tão íngremes. Tais condições adversas impedem as formações florestais à medida que se eleva a altitude sendo segundo Ruschi (1950), a candeia uma das últimas espécies arbóreas a se manifestar. Ruschi afirma ainda já ter ocorrido por Caparaó o pinheiro brasileiro em altitudes por volta de 1700m.
Apesar de tudo, os campos rupestres do maciço do Caparaó se encontram bem deformados pelos freqüentes fogos e pela presença de ungulados domésticos.
Localização
O Parque Nacional do Caparaó localiza-se na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, entre os paralelos 20o19’S e 20o37’S e os meridianos 41o43’W e 41o53’W (IBDF, 1981). Foi criado pelo Decreto Federal no50.646 de 24 de maio de 1961, o qual definia a área do Parque como aquela acima da cota dos 1.300m. No entanto, devido à dificuldade prática de estabelecer estes limites em campo, o Decreto datado de 20 de novembro de 1997 veio redefini-los. A partir deste decreto, a área do Parque ficou estabelecida em cerca 31.800ha, distribuídos pelos municípios mineiros de Alto Caparaó, Caparaó, Espera Feliz e Alto Jequitibá, além dos municípios capixabas de Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Ibitirama, Iúna e Irupi (IBAMA, 1996a). Setenta porcento da área do Parque está contida no Espírito Santo e apenas trinta porcento em Minas Gerais (IBAMA, 1995).
Distâncias dos núcleos urbanos às Portarias do PARNA Caparaó
Cidade |
Distância (km) |
|
---|---|---|
Portaria Alto Caparaó |
Portaria Pedra Menina |
|
Belo Horizonte (MG) |
311 |
407 |
Manhuaçu (MG) |
46 |
120 |
Manhumirim (MG) |
26 |
102 |
Fervedouro (MG) |
76 |
87 |
Carangola (MG) |
52 |
62 |
Alto Jequitibá (MG) |
18 |
76 |
Alto Caparaó (MG) |
4 |
88 |
Vitória (ES) |
248 |
277 |
Cachoeiro do Itapemirim (ES) |
216 |
109 |
Espera Feliz (ES) |
39 |
40 |
Dores do Rio Preto (ES) |
58 |
34 |
Rio de Janeiro (RJ) |
440 |
454 |
ORIGEM DO TERMO "CAPARAÓ"
Penetrando na região mineria, entre a zona litorânea e a Serra do Espinhaço, que foi o país dos Botocudos, dos Puris, e de numerosas tribos Tapuias, há raridade dos nomes selvagens na geografia local. Prevalecem denominações portuguesas entre alguns nomes tupis.
Dificilmente se encontrará ai um nome Tapuia, Botocudo, Puri ou Camacá, designando um monte, um rio ou um povoado. O termo "Caparaó", e outros, são bem poucos vestígios da língua dos primitivos dominadores, acaso salvos do dilúvio Tupi ou português, que o bandeirante ou missionário estendeu por toda a parte.
in SAMPAIO, Teodoro; O Tupi na Geografia Nacional - Editora Brasiliana - Volume 380, págs 60 a 73:
CAPARAÓ é parente de CAJAPIO ou CARNAPIJO
CAPARAÓ vem de IGAPARA-OG
CAA-APARA é "pau torto" ou "folha morta"
IG-APARA é "rio torto"
CAPARAO quer dizer "casa do rio torto"
CAA-ATA-GUA é "mato rijo, mato bravo, mato alto"
CATAGUA era o sertão em 1710, incluindo o distrito de Minas Gerais
CAA é "mato, árvore"
CAAPORA ou CAA-Y-GOROA é "coisa silvestre, do mato"; em guarani.
CAPARA (KAPARA ou TABUA, THUPA DOMINGENSIS) - própria para esteiras, tapumes de casa, de estábulos.
CAPARO ("+ oca, oc, ó") = casa de capara, feita de esteiras, estas usadas para acampamento expostos ao vento e ao frio dos lugares altos; há entretanto uma certa insitência em derivar o topônimo de (caá + apara - oó = grosso).
Ora, oó = grosso não é tupi; para Nelson de Senna 100e, (yg + apara + og) = a casa do rio curvo.
in GREGÓRIO, Irmão José; Contribuição Indígena ao Brasil - União Brasileira de Educação e Ensino.
Por fim, CAPARAÓ pode ser interpretado como "mata de pau torto" e no saber comunidade local "águas cristalinas que descem a montanha".
GUERRILHA DO CAPARAÓ
A chamada Guerrilha de Caparaó, ou de fato o movimento revolucionário do Caparaó, ocorrida entre fins de 1966 e início de 1967, foi provavelmente o primeiro movimento no país de resistência armada à ditadura. O cenário de tal movimento, a região do Parque Nacional do Caparaó, localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, era considerado um ponto estratégico, havendo indícios de que grupos de esquerda já haviam realizado estudos de reconhecimento para a implantação de focos guerrilheiros ainda no governo João Goulart e logo após o golpe de 1964: “Moniz Bandeira tem informações de que o local havia sido estudado para a implantação do foco com militantes das Ligas Camponesas desde de 1963 e que a POLOP tentou fazer aí em 1964, depois do golpe, com sargentos e marinheiros, mas o plano foi abortado”. Um dos líderes da Guerrilha do Caparaó, Amadeu Rocha, também afirma que a região já havia sido explorada por outros movimentos: “A ‘POLOP’ (Política Operária) não deu apoio à Guerrilha, mas simplesmente cedeu a área, porque não tinha condições de explorá-la. Eles tinham um trabalho feito lá...”
Apesar do envolvimento de alguns civis ligados a organizações de esquerda, os integrantes da Guerrilha eram em sua maioria militares, principalmente ex-sargentos e marinheiros que participaram das manifestações em favor das reformas de base no governo de João Goulart.
O movimento ainda contava com o apoio do ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, na época exilado no Uruguai. Brizola havia tentado resistir ao golpe assim que este ocorreu, mobilizando políticos e militares fiéis a Jango. Entretanto, com a desistência do presidente de resistir ao golpe de Estado, o ex-governador embarca para o país vizinho de onde passa a tramar uma reação armada ao grupo que havia se usurpado o poder. É no exílio que Brizola mantém contato com o governo cubano, conseguindo dinheiro e o envio de homens ao país no intuito de realizarem o treinamento guerrilheiro. Segundo Denise Rollemberg, cinco integrantes da Guerrilha de Caparaó teriam realizado o treinamento em Cuba.
